segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

metalinguagem

achei que era saudade mas é só uma imagem que vem ao me deitar

eu espero uma mensagem, algo que doa menos do que a verdade pra poder descansar

fecho os olhos sabendo que é só o cinismo que vai me ensinar

e odeio ter certeza que ainda sei me comunicar

porque nosso amor era uma linguagem que só você e eu sabíamos falar

seu toque era o fonema que eu compreendia no olhar

parece impossível esquecer, porém tenho medo de nunca mais me lembrar

quem eu era antes da frase sem fim? que palavras você cicatrizou em mim?

estar sob seu olhar era estar à luz de velas que incendiavam lentamente o que restava

e nos destroços eu te encontrava

hoje eu sei que pra amar outro alguém algo dentro de mim vai aprender a se calar

e odeio ainda mais ter que descobrir outra maneira de me comunicar

domingo, 3 de agosto de 2014

10 anos

Daqui a 10 anos eu sinceramente espero ter aprendido a andar de patins. Ficarei emburrada se minha bunda gorda não foi até a praça pra aprender a andar de skate melhor que a minha mãe. Também vou estar surfando por aí. Sério! Aprenderei a nadar antes, óbvio (ou não, pra soltar cantadinhas nos salva-vidas). Ioga? Vou ser mais flexível que a mulher do circo. Vou aprender muito sobre astronomia pra conquistar geral no maior estilo Gabe/Jenna... só que conhecimento de fato sobre as champagnes supernovas explodindo por aí. Vou definitivamente aprender a tocar gaita de boca, harpa (!!! Pra me achar, claro, HBIC!!!), ukelele, violino, violoncelo e olha, talvez se não morrer de tédio um sax. Minha cordenação motora compatível com uma criança de seis anos vai embora para dar lugar à uma ágil baterista. Vou aprender a cozinhar como uma lady deve saber (haha) e ter pratos específicos para cada momento – esse é o sonho desde a idade da pedra. Vou ter um Schnauzer e um pug, ou um Bulldog Frances que provavelmente vai se chamar Lady Di. Vou ter uma franja pra esconder a testa e mandar um – chupa hipster – pros meus primos chatos. Vou pular de asa delta algumas vezes pra deixar de ser uma chata cuzona com medo da altura da ponte da Unisul. Vou viajar em cruzeiros do RC, por que não? Até lá já vou com certeza ter aprendido a dançar sem parecer um boneco de olinda com defeito e vai ter um Patrick pra dizer que nobody puts Jessica in the corner. Vou acampar pra deixar de ser chata e sentir os mosquitos se aproveitarem do resto do meu corpo. Vai rolar uns mashallows na fogueira antes. Bungue Jumping vai ser de praxe. Vou ter formado uma banda cover de Abril que não deu certo por causa de emprego e faculdades mas de tempos em tempos a gente se encontra por aí (que nem a própria!). Vai rolar matching tattoos com alguém. E vou fazer todas as tattoos que eu sempre quis, nem que isso me custe o salário, a dignidade e a sensibilidade. Eu vou pescar, ir num paint ball, beijar na chuva e debaixo d'água. Beijos parecidos com o que eu vou dar na roda gigante ou num drive in que meu THE ONE vai me levar. Vou correr uma maratona! Porque vou conseguir deixar de ser uma Rae da vida, e ir num show do Oasis (haha). Passearei de balão de ar e se rolar uma chuva de meteoros na hora, fazer o que? Vou fazer escalada e ser a chata que lembra de filmes de escalada toda a hora (isso sobre mergulho também). Vou ter o meu tão sonhado cabelo colorido só pra mãe ficar puta (e só por alguns dias). A neve vai aparecer nas minhas fotos. O monte Olimpo, as pirâmides, a costa leste e oeste dos EUA também! Vou trabalhar com algo voluntariamente (provavelmente idosos). Vou fazer uma serenata para alguém (ou receber uma? Se esse alguém viver nos anos vinte). Vou perder o medo dos cavalos e de cair de cima deles. Já vou ter transado no carro, no terraço, no avião, no jardim, na natureza e no elevador. Talvez num jogo do Paysandu. Menage? Pra perder o medo de altura, vou devagar, com os moshs. Vou jogar pôquer que nem uma mafiosa. Vou atirar que nem uma mafiosa também – mas ninguém precisa saber disso. Vou beijar alguns famosos! Vou sim. Talvez numa praia de nudismo. Vou começar a perder a timidez talvez tirando xerox da bunda, num cerão. Vou fingir ser estrangeira, passar trote! Subir em árvore e dançar o pescoço do fat family. Minhas coleções (canecas, filmes, livros, séries, posters, cds!) vão me salvar do tédio. Vou conseguir trabalhar com o Woody Allen porque ele que não ouse morrer até eu me formar (mas caso isso aconteça, pelo menos o Wes Anderson ainda tem 45 anos). Vou conseguir formar um clube do livro cheio de velhos de alma como eu para discutir os mais variados assuntos e sempre rolar uma briguinha de egos regada à cerveja e café com leite. E eu vou me casar com something old, something new, something borrowed, something blue.

Ah, se vou.